Zapatismo e mormonismo na região dos vulcões

Que relação pode haver entre O Livro de Mórmon e Emiliano Zapata?

A 3ª Conferência Brasileira de Estudos Mórmons tem como tema deste ano a relação entre mórmons e não-mórmons, um tópico não restrito apenas ao universo das religiões organizadas, mas que também nos remete a vários outros aspectos da vida humana, incluindo  reações a diferentes cenários políticos e aos conflitos que se desenvolvem na sociedade à sua volta. São muitos os exemplos da história mórmon ao redor do mundo que ilustram essa relação.

No próximo dia 28, o público brasileiro terá a oportunidade de conhecer a instigante e pouco conhecida história da participação mórmon no movimento camponês liderado por Emiliano Zapata. Zapatismo e mormonismo na região dos vulcões é o título da apresentação de Moroni Spencer Hernandez de Olarte, historiador da Universidade Autônoma do México. (Veja aqui o programa completo da Conferência)

Muito do que se divulga sobre a vida dos mórmons durante o período revolucionário mexicano se concentra, nas palavras de Moroni, nas “histórias quase épicas de mórmons defendendo sua religião e morrendo por ela”, como no caso de dois líderes locais da Igreja, Vicente Morales e Rafael Monroy, fuzilados por soldados ligados a Pancho Villa, ou outros dois membros sud acusados de serem zapatistas e executados por tropas federais. Para Moroni, no entanto, há “muito mais a ser contado”.

Muitos mórmons tomaram parte ativa no conflito armado, movidos especialmente por razões ideológicas. Sua própria identificação como descendentes dos povos do Livro de Mórmon, à espera de uma redenção espiritual e nacional, os fazia ver em Zapata “um homem de Deus” e em suas bandeiras uma “causa divina” que libertaria “os oprimidos, os esquecidos, em suma, os lamanitas”, afirma o historiador mexicano. Em uma das entrevistas orais feitas por Moroni, por exemplo, uma senhora, filha de mórmons que lutaram no exército de Zapata, relata a seguinte percepção sobre o emblemático revolucionário mexicano: “Meu pai dizia que Zapata era guiado por Deus… porque era um homem muito simples e de muito bom coração. Ele montava o cavalo (…), olhava para o céu e se especulava …que em segredo fazia uma oração.”

A maior parte da pesquisa de Moroni se concentra na região sudeste do México, uma fértil região vulcânica onde a obra missionária sud floresceu no final do século XIX e início do XX. Sua origem indígena, sua leitura do Livro de Mórmon, assim como a desigualdade social e os conflitos agrários existentes na região, fizeram com que muitos membros vissem no movimento de Zapata um verdadeiro “estandarte da liberdade”, uma extensão política de suas crenças espirituais. Tais fatores físicos e ideológicos são abordados por Moroni em seu trabalho, nos dando a conhecer a história de vida daqueles homens e mulheres mórmons que atuaram no conflito civil mexicano, quer servindo como soldados, mediadores entre as facções revolucionárias ou tratando de doentes e feridos.

A apresentação de Moroni ao público brasileiro, no dia 28, será realizada em espanhol, com tradução simultânea para o português. Participe desde já, enviando abaixo sua pergunta ou comentário ao autor.

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