Racismo na BYU?

Alguém acredita que, em pleno século 21, e mais de 3 décadas após o fim da segregação racial na Igreja SUD, racismo ainda seja um problema na universidade oficial da Igreja Mórmon?

Os comentários de um Professor de Religião na Universidade de Brigham Young (BYU), em Provo, Utah, publicados ontem no The Washington Postcausaram desconforto — e furor — por seu conteúdo racista.

Randy Bott expressou sua opinião que a Proibição ao Sacerdócio não se iniciou com Brigham Young, mas com Caim que, por haver matado seu irmão Abel, foi amaldiçoado com a cor-de-pele negra e proibição de acesso ao Sacerdócio.

“Deus sempre foi descriminador” no que diz respeito a quem Ele outorga a autoridade do Sacerdócio, diz Bott, o teólogo da BYU. Ele cita escrituras Mórmon que diz que Deus dá a Seu povo “como lhe prouver.” Bott compara Negros com crianças que prematuramente pedem as chaves do carro do pai, e explica que da mesma maneira antes de 1978, o Senhor havia determinado que os Negros ainda não estavam prontos para receber o Sacerdócio.“O que é discriminação?” pergunta Bott. “Eu acho que é proibir acesso de algo para alguém que lhe poderia trazer benefícios, certo? Mas e se não lhes fosse trazer benefícios?” Bott diz que ao negar o Sacerdócio aos Negros – na Terra, mas não após a morte – os protegeu dos níveis mais profundos do Inferno reservados para as pessoas que abusam do poder do Sacerdócio. “Você não pode cair do topo da escada se não primeiro chegar ao topo da escada. Então, na realidade para os Negros não poder receber o Sacerdócio foi a maior benção que Deus lhes poderia oferecer.”

Esse tipo de opinião ainda é defensável? Alguém ainda acha isso normal e não racista? Será que jamais conseguiremos desvincular o mormonismo com o racismo contra negros?


Leia mais sobre o cancelamento do racismo institucional na Igreja SUD com a revelação de 1978.

84 comentários sobre “Racismo na BYU?

  1. E desde quando é que a opinião de um ou outro membro da Igreja, seja ele professor da BYU ou de qualquer outra instancia vincula a minha opinião e da igreja em geral? Racismo houve, há e haverá sempre, porém o Mormonismo não se encontra vinculado ao mesmo.

    • Caro Rui,

      Obrigado pelas suas indagações. Permita-me lhe oferecer algumas sugestões:

      1) Leia o texto com um pouco mais de cuidado antes de postar um comentário. Onde nele você lê alguma sugestão de que a opinião do professor da BYU mencionado reflete a opinião de *todos* os membros da Igreja ou mesmo a posição *oficial* da Igreja?

      2) Familiarize-se com os fatos um pouco melhor antes de postar afirmações positivas. Mormonismo não se encontra vinculado a racismo?

      – Por 130 anos, não houve segregação racial na Igreja?
      – Não se ensinou, por esse tempo, na Igreja, que a cor-de-pele de Negros e Ameríndios fora consequência de maldições divinas?
      – O Presidente Brigham Young (2o) não apoiou a escravidão Negra, não legalizou escravidão em Utah?
      – Brigham Young não ensinou que o casamento interracial era um pecado — passível de punição capital?
      – Brigham Young não chamou a escravidão Negra de “instituição divina” e profetizou que ela não seria abolida até depois da “remoção da maldição”?
      – Brigham Young não descreveu essa maldição como “nariz achatado e a pele negra”?
      – O Apóstolo Charles C. Rich não foi dono de escravos Negros?
      – Brigham Young não aceitou escravos Negros como dízimo, que tiveram que trabalhar por anos para “comprar” sua liberdade da Igreja?
      – O Presidente Joseph F. Smith (6o) não selou Jane Manning James como uma escrava (“servente”) a Joseph Smith para o tempo e para eternidade?
      – O Apóstolo Joseph Fielding Smith (10o presidente) não escreveu que Negros são uma “raça inferior”?
      – O Apóstolo Bruce R. McConkie não disse que Negros foram “menos valentes na pre-existência”?
      – O Presidente J. Reuben Clark não explicou a prática cara e laboriosa de excluir o Hospital SUD do banco de sangue da Cruz Vermelha Americana para não incluir bolsas de sangues de doadores Negros dizendo “queremos manter a pureza da corrente sangüínea do povo desta Igreja”?
      – O Apóstolo Mark E. Petersen não se opôs publicamente a dessegregação de escolas?
      – O Apóstolo Ezra Taft Benson (13o presidente) não se opôs ao movimento de direitos civis para Negros?
      – Não temos até hoje em manuais da Igreja a injunção contra casamentos interraciais?

      3) Tente levar em consideração que existe uma distinção entre o que se considera ideal (não deve haver racismo na Igreja!) e o que se encontra em realidade (há racismo na Igreja?). Igualmente importante, leve em consideração que há um passado racista indiscutível no Mormonismo, e junte-se a outros na discussão de como podemos superar esse passado de modo que ele não influencie o presente ou o futuro.

      Essa é uma discussão importante, difícil, complexa, e dolorosa. Mas vendar os olhos, ou fingir uma realidade alternativa, ou alterar os fatos, ou mesmo reclamar do não-dito ou da verdade não ajudará em nada o debate e impede o progresso ético e espiritual.

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