Mórmons, Maçons e Antimaçons

O segredo da maçonaria é guardar um segredo.

Joseph Smith

StairNauvoo1

Escada do atual templo de Nauvoo.

 

Na quarta ou quinta série, ouvi uma colega perguntar à professora de história se a maçonaria era a igreja do diabo. A surpresa que senti foi enorme, mas nada comparado ao que sentiria vinte anos depois, enquanto ensinava uma aula da Escola Dominical. Discutindo as combinações secretas descritas no Livro de Mórmon, alguém com décadas de experiência como membro da Igreja disse que a maçonaria se encaixava na descrição daquelas antigas conspirações.

Como filho e neto de maçons, na infância, via a maçonaria como algo divertido e atraente (com símbolos, segredos e roupas estranhas); ao longo dos anos, minha percepção continuou a ser positiva, enxergando uma instituição benéfica tanto para maçons quanto não-maçons (com a prática da caridade e o incentivo para serem pessoas íntegras) e compatível praticamente com qualquer religião. Como adulto, longe de idealizá-la, fui capaz de ver seu aspecto humano e suas relações de status social, como em qualquer outra instituição. Mas ainda levaria muito tempo para entender aquela pergunta ouvida aos 10 anos de idade como uma pergunta normal, a partir da perspectiva da nossa cultura.

Como um converso ao mormonismo, ao saber sobre a influência maçônica sobre Joseph Smith e ver no templo símbolos que conhecia como de origem maçônica, não senti nenhum conflito ou contradição, como muitos sentem ou já sentiram. Ao contrário, senti certo pertencimento ao ver símbolos que haviam sido incorporados ao meu imaginário pelo ambiente familiar e que ali tinham seus significados ampliados. Tampouco imaginei que um profeta não pudesse utilizar tradições já conhecidas para nelas encontrar verdades sublimes. Porém, para entender aquele comentário feito na Escola Dominical, e reconhecê-lo como legítimo, eu teria ainda que percorrer um caminho mais longo de leitura e reflexão, considerando o tratamento recebido pelo tema dentro da Igreja, a leitura promovida do Livro de Mórmon dentro desse contexto e a dificuldade que tem a maioria de nós, mórmons, de lidar de forma positiva com outras tradições ou organizações de natureza espiritual ou religiosa.

Estando familiarizado com a influência maçônica sobre Joseph Smith, foi interessante saber que a leitura antimaçônica do Livro de Mórmon – expressa naquele dia na Escola Dominical – não era só possível, como historicamente havia existido e influenciado conversos de renome, como Martin Harris e William W. Phelps.

A conexão histórica entre mormonismo e maçonaria é um fato reconhecido por ambas as instituições e tem sido objeto de vários estudos. A profundidade dessa conexão, seus primórdios e desdobramentos, no entanto, parecem não ter sido ainda totalmente explorados pela grande maioria de maçons e mórmons interessados no assunto. Há, muitas vezes, um reducionismo que tende a explicar a iniciação de Joseph Smith na fraternidade maçônica como uma busca de proteção política – como promovem alguns sud – ou uma cópia dos rituais maçônicos – de acordo com a visão de certos críticos do mormonismo, maçons ou não.

Em parte, tais limitações podem ser explicadas pela falta de compreensão que cada instituição tem da outra, pela necessidade de “defender” a si próprias, além da relativa falta de fontes primárias que lancem maior luz sobre a questão. Até mesmo mórmons que são também membros de lojas maçônicas muitas vezes optam por ignorar as complexidades e contradições da relação histórica entre os dois campos, optando pela mera apologia ou defesa, perante outros mórmons, de sua dupla filiação.

Entre muitos mórmons pode ser sentido um medo de lidar com informações que sugiram influências recebidas por Joseph Smith de seu meio, sua época e, especialmente, que sugiram que aspectos considerados únicos do mormonismo possam ter sido influenciados por outras tradições; ou, pior ainda, que Joseph Smith tenha deliberadamente incorporado ou feito empréstimos de conceitos e cerimônias de outras tradições ou organizações à sua volta. O receio provavelmente é de que tais informações possam comprometer a crença na origem divina da restauração e na posição de Joseph Smith como um profeta. Tal atitude contradiz a visão, tão presente no mormonismo, de que a inteligência e arbítrio humanos estão presentes no processo de aprender verdades divinas:

O mormonismo, talvez mais do que a maioria das religiões, reconhece o elemento humano no processo revelatório, seja ao iniciar aquele processo (D&C 9) ou prover as categorias conceituais e limites dentro dos quais uma dada revelação é entendida. O Livro de Mórmon prontamente reconhece “erros dos homens” em seu prefácio e as revelações em Doutrina e Convênios vêm dos servos do Senhor “em sua fraqueza, segundo o modo de sua linguagem, para que possam alcançar entendimento”, apesar da sua tendência a errar (D&C 1:24-28). Por que [esse mesmo processo revelatório que reconhece a iniciativa humana] seria diferente com as revelações sobre a obra do templo? (Armand L. Mauss, “Culture, Charisma and Change: Reflections on Mormon Temple Worship,” Dialogue: A Journal of Mormon Thought 20 (Winter 1987):p. 79)

Caso levássemos ao limite do absurdo esse mesmo receio de que certas evidências históricas possam comprometer o testemunho sobre a divindade da restauração, seríamos levados a menosprezar a influência do texto bíblico sobre a família Smith, uma vez que a Bíblia era um texto comum aos diferentes ramos do cristianismo que Joseph Smith declarava serem distorções da verdade original. É claro que nenhum mórmon pensaria isso. Isso porque a utilização do texto bíblico não compromete a crença na origem divina do mormonismo, seja frente a críticos ou seus próprios membros. Não há nenhum dedo apontado nessa direção. Aparentemente, os aspectos que nos ligam aos demais ramos do cristianismo são enfatizados pela Igreja moderna, enquanto os aspectos mais distintivos das doutrinas e práticas mórmons, em particular do passado, tendem a ser negligenciados ou subestimados na história oficial. A influência dos rituais e da simbologia maçônica sobre a tradição religiosa inaugurada por Joseph Smith parece ser um desses aspectos marginais da história mórmon, ao menos no que concerne a versão ensinada e utilizada no cotidiano da Igreja.

Quando se fala da influência maçônica sobre Joseph Smith, o sentimento de perigo pode atingir seu ápice, uma vez que tal influência ainda hoje se reflete, ainda que com menor intensidade do que antes de 1990, nos rituais considerados mais sagrados da Igreja sud, realizados no templo. Provavelmente, os templos mantidos pela Igreja sud permanecem sendo o aspecto mais controverso do mormonismo, com sua natureza secreta e seletiva até mesmo para os próprios membros. O conhecido jogo de palavras que nega haver segredos no templo e ressalta o seu aspecto sagrado expressa tão somente uma concepção negativa da ideia de segredo, desenvolvida na Igreja moderna, e uma tentativa de desassociar as ordenanças de sua referência maçônica. Na prática, porém, é requerido do membro que recebe a investidura guardar segredo sobre certos elementos da ordenança.

Ao associar as cerimônias mais sagradas da religião mórmon, realizadas em um local que ainda gera certa desconfiança entre não-membros, a uma instituição que pode gerar desconfiança tanto entre membros quanto não-membros, a atitude defensiva encontra terreno ideal para florescer. A ideia muitas vezes concebida, ainda que poucas vezes enunciada, é que ou Joseph Smith recebeu uma revelação sobre o templo ou fez empréstimos dos rituais maçônicos: uma coisa ou outra.

Aqueles que negam qualquer relação, ou argumentam que as semelhanças entre os dois [maçonaria e mormonismo] são superficiais, estão preocupados que o uso de rituais maçônicos por Joseph Smith seja inconsistente com seu papel profético. Outros se concentram nas semelhanças para fortalecer a ideia de que Smith fez muitos empréstimos da franco-maçonaria sem o benefício de inspiração. Esta abordagem “tudo ou nada” se combina com o segredo associado aos rituais para criar uma relutância em discutir o assunto em qualquer detalhe significante. (Michael W. Homer, “Similarity of Priesthood in Masonry”: The Relationship between Freemasonry and Mormonism. Dialogue: A Journal of Mormon Thought 1994: p. 02)

Um autor maçom que nega a definição da maçonaria como uma “sociedade secreta” dá esta interessante definição do segredo para o maçom: “O segredo maçônico é em si mesmo um símbolo; e, como os demais símbolos maçônicos, ele veicula uma instrução”. Alguém, como Joseph, que estava familiarizado com as “denúncias” dos rituais maçônicos, talvez pudesse imaginar que os novos rituais realizados pelos santos dos últimos dias também seriam mais cedo ou mais tarde “revelados” ao público. Onde permanece o segredo numa era em que os recursos tecnológicos tornaram sua exposição ainda mais rápida e detalhada? Ao definir tal símbolo – o segredo – como o (grande) segredo da maçonaria, estaria Joseph Smith incorporando a mesma visão às ordenanças do templo mórmon? [1]

A dificuldade ainda se intensifica com a impossibilidade histórica de datar os rituais maçônicos a um período anterior ao século XVIII. Como em outros dilemas da cultura sud, armamos a própria armadilha ao colocar de lado qualquer outra fonte de “veracidade” que não seja histórica ou muito antiga. Como se o poder simbólico de narrativas e representações pudessem depor contra nós, caso não sejam antigas o suficientes para ser exibidas como fatos. Dessa forma, a riqueza – e, simultaneamente, a simplicidade – do simbolismo maçônico é desconsiderada como um dos meios disponíveis que Joseph Smith tinha ao seu redor para expressar conceitos e princípios dos rituais do templo.

Uma vez que profetas e religiões sempre surgem e são nutridos dentro de um dado contexto cultural, também dinâmico, não deveria ser difícil entender por que mesmo as revelações mais originais devem ser expressas na linguagem da cultura e biografia do revelador. (Mauss, ibidem: p. 80)

Mas qual o preço a ser pago com esse olhar seletivo que ignora uma influência tão importante do passado mórmon e que ainda se reflete em nosso presente? Em 1974, o historiador Reed C. Durham dizia que o estudo sobre a maçonaria e sua influência sobre o mormonismo constituía uma “chave para o futuro entendimento de Joseph Smith e a Igreja”. Sua afirmação sugere que nosso entendimento atual sobre a restauração e Joseph Smith é reduzido e corre o risco, quem sabe, de ser distorcido.

Durham, à época diretor do Instituto de Religião da Universidade de Utah foi censurado pelo Sistema Educacional da Igreja e nunca mais abordou o tema em público, num claro exemplo de como a discussão sobre a influência maçônica sobre o mormonismo estava longe de ser bem recebida pelos canais oficiais da Igreja. O chamado de Durham, porém, não foi em vão, de forma que muitos acadêmicos escreveram e têm escrito sobre o mesmo tema. As novas informações disponíveis, as novas perguntas formuladas e suas possíveis respostas estão longe, no entanto, de alcançarem a maioria dos membros sud.

Em nosso país, isso é ainda mais verdadeiro, uma vez que há uma carência de publicações em língua portuguesa sobre temas de interesse histórico e cultural. Também é necessário reconhecer que a cultura majoritariamente católica do país e sua rejeição histórica da maçonaria por questões políticas que remontam ao império parece marcar a cultura nacional, o que talvez torne os membros brasileiros da Igreja particularmente mais avessos a refletir sobre a conexão entre mormonismo e maçonaria.

Grande parte dos trabalhos sobre maçonaria e mormonismo foca o período de Nauvoo, quando uma loja maçônica é formada pelos mórmons na sua nova cidade e seu profeta é iniciado formalmente na ordem. No entanto, o contato de Joseph Smith com a maçonaria antecede em muito aquele período. Sua introdução à maçonaria na década de 1840 foi “apenas o florescimento de uma relação que teve sua raiz no estado de Nova York antes da publicação do Livro de Mórmon” (John E. Thomson, The Facultie of Abrac: Masonic Claims and Mormon Beginnings. The Philalethes Society, December 1982).

A restauração levada a cabo por Joseph Smith era “cósmica em seu alcance, que penetrava o espaço até os confins da terra e os limites exteriores do próprio universo”. [2] Toda forma de conhecimento que pudesse aproximar o ser humano de seus progenitores celestiais pertencia ao mormonismo. A maçonaria foi vista por Joseph Smith como uma importante forma simbólica de conhecimento, a qual o mormonismo precisava restaurar ao seu propósito original. A restauração do evangelho original não podia dispensar uma restauração da maçonaria original.

Naquela manhã, na Escola Dominical, a única coisa que pude fazer foi dizer que Joseph Smith havia se tornado maçom para buscar um conhecimento sobre o templo que ele acreditava estar nela presente. Provavelmente, deve ter sido uma surpresa para muitos que acreditam num processo revelatório em que Deus provê respostas sem que o ser humano faça seu dever de casa ou busque as respostas à sua volta. No entanto, tenho cada vez mais me convencido de que não há melhor maneira de lidar com a falta de informação do que provendo a informação que falta. Isso deve soar óbvio demais.

A influência maçônica sobre Joseph Smith e os primórdios da Igreja sud não se limitam aos rituais do templo, mas apresentam paralelos na organização do sacerdócio de uma forma mais ampla; também é muito evidente na formação da Sociedade de Socorro, pensada originalmente como uma espécie de maçonaria feminina; e talvez mais importante e menos debatida seja a influência maçônica sobre a tentativa de Joseph Smith de “reformar” os santos em seus últimos meses de vida, proclamando uma religião alicerçada sobre “grandes princípios fundamentais” disponíveis a toda humanidade.

Leia também: Mormonismo e ciência

Hyrum, o profeta rejeitado

NOTAS

[1] MCNULTY, W. Kirk. A maçonaria: símbolos, segredos, significado. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 17.

[2] ALLEN, C. Leonard; HUGHES, Richard T. Illusions of innocence: Protestant primitivism in America, 1630-1875. Chicago: University of Chicago Press, 1988, p. 138.

140 comentários sobre “Mórmons, Maçons e Antimaçons

    • Tenho duas perguntas.

      1)Porque essas coisas “fantásticas” nao estao contidas nos livros curriculares da igreja, porque em nenhuma das aulas que assisti em mais de 20 anos como membro da igreja jamais ouvi falar abertamente sobre isso? E mais uma porque esse vínculo nunca foi discutido num serao ou mesmo abordado no seminário ou instituto por exemplo, se buscamos “verdades e conhecimento” e se todas as “verdades” pertecem a igreja de Cristo?

      Porque em todas as fotos que os líderes da igreja no passado usavam pingentes da maçonaria, foram tiradas (tratadas suas imagens) e nao aparecerem nas dos livros curriculares da igreja por exemplo???

      3)Porque esconder ou no mínimo omitir tais informaçoes relevantes, que mesmo influenciaram na base doutrinária da igreja. Na missao nunca soube que Joseph tinha sido maçon e foi levado ao grau máximo em apenas dois meses (segundo alguns textos que li).

      A verdade traz luz, luz essa que tem faltado na discussao deste importante tema na igreja. Que hoje nao me faz nenhuma falta, apenas causa a curiosidade em desvendar o porque de tanto segredo na existencia desse tao demonstrado vínculo MÓRMONS X MAÇONARIA.

      • Caro Geninho… Boas perguntas… boas mesmo!

        Aquele que fez o curso do Instituto “História da Igreja na Plenitude dos Tempos”, em seus estudos podem ter percebido as inúmeras referências maçônicas contidas, mas entendo que mesmo em um curso como este, se o aluno não estuda diligente e atenciosamente a designação de aula da semana (capítulos do manual supracitado), possívelmente não encontrarão nada sobre a fraternidade, somado ao provável e triste fato de o professor sentir-se inseguro em abordar um tema que desconhece e ignorantemente “pulá-lo”, ou conscientemente descartá-lo por preconceito descabido.

        Ao contrário de você, ouvi muito e de muitas maneiras sobre a maçonaria (antes, durante e após a missão), como também já ouvi de outros missionários e ex-missionários o mesmo relato… Daí, pode ter sido apenas coincidência você não ter ouvido falar, o que não descarto de que com outros como você, deve ter acontecido o mesmo.

        Os cursos da escola dominical, e a meu ver infelizmente agora também os do Instituto, tem sido de abordagens mais filosóficas, questões de princípios a serem aplicados no dia-a-dia. Embora reconheça a força desta abordagem e necessidade premente de os membros focarem neste tipo de aprendizado e na riqueza deste ambiente motivador, também creio na intensidade da influência ao se estudar e saudávelmente debater as ricas questões históricas e doutrinárias do mormonismo; como disse sabiamente o Pres. Packer: “Há muito tempo acredito que o estudo das doutrinas do evangelho trará uma melhora de comportamento mais rápido do que ficar falando sobre comportamento.” (Conf. Geral ABR/1997)

        Penso eu que os líderes de hoje não abordam o tema como antigamente o faziam (e o faziam naturalmente) porque evitam temas embaraçosos e complexos de se explicar; optam por focar em práticas cristãs de bom convívio e busca de excelência pessoal e familiar, bem mais fáceis do ouvinte assimilar as verdades e de vivência prática mais clara; entendo que os líderes de hoje tem mais cautela no que falam publicamente, quando no passado falavam com mais “ousadia” estes e outros assuntos igualmente polêmicos, ou melhor, temas de difícil compreensão…

        Ademais, na carta que citei, fica claro que os líderes locais “desaconselham” a filiação daqueles que teriam dificuldades disciplinares de administração de tempo, o que poderia gerar alguma crise de produtividade e fidelidade, então, neste caso, a “participação [na fraternidade maçônica] não [seria] encorajada”, explicando que “qualquer membro que tenha recebido sua investidura no templo fez o convênio de consagrar-se ao Senhor e Sua Igreja. Isto suplanta e precede qualquer envolvimento em organizações criadas pelos homens. Todos nós temos compromissos eternos com nosso cônjuge e filhos. Muitos de nós temos o compromisso com nosso chamado, comunidade e profissão, o que leva à falta de tempo para o envolvimento em quaisquer outras associações.” (Carta de 12 de fevereiro de 2009 – Presidência da Área Brasil – Charles Didier, Ulisses Soares e Stanley G. Ellis)

        Pra mim é claro que nem a Igreja nem a Ordem citada almeja homens que “tropecem” no cumprimento de seus deveres, pra maioria é melhor mesmo que continuem com suas atividades apenas na família e Igreja, e nada mais, pra “não trabalharmos mais do que as nossas forças o permitam” (D&C 10:4), agora pra outros, sedentos e capazes, “se há qualquer coisa amável ou louvável” será procurado (RF 13), e talvez os muitos suds que se tornaram maçons tinham isto em mente. Então, é verdade que “Teremos de fazer algumas escolhas difíceis sobre a maneira e usar o nosso tempo. Mas nunca deve haver a opção sistemática em nossa vida de relegar a espiritualidade ao segundo plano. Nunca. (…) Ao pormos os desígnios de Deus em primeiro lugar, Ele nos concederá milagres. (…) As paredes aparentes da prisão da ‘falta de tempo’ começarão a ruir, mesmo ao recebermos responsabilidades adicionais.” (Pres. Henry B. Eyring – Ensign OUT/2002) O Elder L. Tom Perry, Dos Doze, acrescentou: “Vi famílias e pessoas caírem em armadilhas (…) [por assumirem] um número excessivo de compromissos em atividades, aulas, clubes, (…) esportes. Embora a participação em organizações dessa natureza possa certamente ser algo bom, o envolvimento nelas pode se tornar algo frenético quando não há planejamento. Ao deixarmos de planejar, perdemos de vista nosso destino eterno.” (A Liahona FEV/2009 pag. 10). E pra finalizar, esta: “Quando falamos em priorizar a família, temos que pensar em coisas como a oração familiar, a noite familiar e o estudo das escrituras em família [e atividades salutares] (grifo meu), e arranjar tempo para fazer essas coisas, pois elas têm conseqüências eternas no crescimento espiritual de nossos filhos. Essa é uma manifestação do princípio de que “a família vem em primeiro lugar”. (Elder Dallin H. Oaks – Reunião Mundial de Treinamento de Liderança – FEV/2008)

        Diante disto, penso eu que, aquele que realmente desejar e tiver o perfil de comprometimento, tolerância e paixão pelo estudo e trabalho, poderá entregar sua proposta de admissão à Ordem quando por um Mestre Maçom for devidamente convidado, e uma vez rigorosamente avaliado, talvez possa então a fazer parte das fileiras da fraternidade… Desde que como bem disse as citações acima, priorize Deus, a família e o trabalho, e tenha um bom planejamento, daí “as paredes aparentes da prisão da ‘falta de tempo’ começarão a ruir, mesmo ao recebermos responsabilidades adicionais.” (Pres. Henry B. Eyring – Ensign OUT/2002)

        Espero ter ajudado…

        abs

      • Se ainda me cabe acrescentar mais uma idéia, faço minhas as sábias palavras do meu amigo Flauber:
        “Queria saber de documentos gerados pela Igreja dando conta dos porquês, como, aonde e quem se filiou na ocasião. Queria saber a importância deste elo entre as duas organizações, até porque se esta relação teve tanta importância a ponto de resultar na filiação do profeta fundador da Igreja SUD juntamente com onze dos seus doze apóstolos na ocasião e mesmo após a morte deste, se perpetuou através dos quatro profetas seguintes, deveria ser uma instituição muito importante para a Igreja e com padrões que poderiam aperfeiçoar seus integrantes ainda mais. Uma observação que achei interessante e extremamente válida de ressaltar é que daqueles doze apóstolos quem não quis pertencer à Maçonaria foi Orson Pratt, que nem por isso foi “ostracizado” pelos demais membros do quórum dos doze ou mesmo o profeta. Foi uma escolha inteiramente pessoal. Por suas próprias razões ele decidiu ser desnecessário uma vez que sentia que no Evangelho se encontravam todas as normas e ditames para sermos salvos e retornar à presença do Pai Celeste.
        Quero enfatizar este exemplo de Orson Pratt, pois posso utilizá-lo em defesa dos eventuais ataques quanto à decisão de ser maçom. Mais uma vez, é uma escolha pessoal e não interfere em nada no seu relacionamento com Deus, sua família e comunidade. Digamos que alguns sentem o desejo de querer obter ainda mais luz e conhecimento, desejam uma variedade maior de ferramentas as quais desbastarão a sua pedra bruta. A nem todos esta urgência ou necessidade lhes toca, pois já sentem em seus corações que o que lhes é ensinado lhes é o bastante e até mais que suficiente para digerir, o que é muito positivo.
        “Qualquer princípio de inteligência que alcançarmos nesta vida, surgirá conosco na ressurreição. E se nesta vida uma pessoa, por sua diligência, e obediência, adquirir mais conhecimento e inteligência do que outra, ela terá tanto mais vantagem no mundo futuro” – [Doutrina & Convênios 130:18-19].
        Já a outros, querem buscar algo a mais, pois já digerem o que está ao seu alcance mais rapidamente, o que também é positivo.
        O importante é lembrar que um não é melhor que o outro, são degraus de conhecimento que uns galgam mais facilmente ou rapidamente que outros. Também que este canal de transmissão de conhecimento não é essencial e extensível a todos, apenas para os que sentem a necessidade de ferramentas diferentes para executar o trabalho, estes são os pedreiros livres, a quem chamamos, origem da palavra em inglês ‘freemasons’, da Inglaterra, lugar aonde a Maçonaria oficialmente se originou.”

    • Perguntei a uma autoridade geral (Elder Godóy) da igreja se mornons poderiam ser maçons, como membro ele me desaconselhou e como autoridade geral ele me disse que sim pois tenho o livre arbítrio, porém me disso que um mormon maçom munca, jamais será um bispo ou pres de estaca

      • Conheço pessoalmente e admiro o Elder Godoy, e devemos entender que ele tem direito a opiniões pessoais como qualquer um de nós, portanto, nada mais sensato de que no mínimo respeitemos seu modo de pensar, embora nem todos compactuem com seu entendimento.

        Se ele disse isso mesmo a você ou se realmente você entendeu o que ele quis lhe dizer, ele acertou quando disse oficialmente (como autoridade geral) de que não tem problema algum se filiar a comunidade maçônica por conta do arbítrio individual, pois assim ele não feriu a instrução aos líderes da Igreja do Brasil em FEV/2009: “Lembramos que a escolha de se tornar maçom é um assunto pessoal. Não existe nenhum tipo de discriminação na Igreja quanto à associação de seus membros à maçonaria (…).” (Carta de 12 de fevereiro de 2009 – Presidência da Área Brasil – Charles Didier, Ulisses Soares e Stanley G. Ellis)

        No entanto, a meu ver, parte de sua opinião perde créditos quando diz “nunca”, pois sempre que alguém, seja quem for, diz “nunca”, corre um sério risco de se equivocar… Por exemplo, sei de Bispos e Presidentes de Estaca que são e/ou foram maçons, bem como outros de chamados de grande confiança, como líderes do Sumo-Conselho, Auxiliares da Estaca, Bispado, etc… (é possível que a liderança desconhecia que eram maçons, salvo raras exceções.. rsrs ) Isso porque, nem sempre conhece-se a condição maçônica de um mórmom, pelo triste fato deste tipo de preconceito perdurar como um âncora no pescoço de muitos “líderes” e “membros” em geral, daí, o mórmom maçom sabiamente opta por manter sua condição iniciática temporáriamente em segredo (embora alguns maçons entendam o oposto), para proteger-se de represálias indignas e/ou infundadas e também de possíveis impedimentos à chamados na Igreja (como a triste opinião do Elder Godoy que citou), mas também para proteger aqueles ignorantes (líderes e membros) que a despeito de intolerantes, fanáticos e preconceituosos, são amados por ele (pelo mórmom maçom), pois ele entende que ainda não estão preparados (maduros) pra lidar com a situação, muitos deles por apenas desconhecerem a história da Igreja e doutrinas do evangelho, bem como a fraternidade maçônica.

        abs

      • como opinioes diferentes? A igreja nao é feita de opinioes ou que achamos melhor, ou mesmo quem tem melhor ponto de vista! Trata-se de saber que Cristo é o cabeça desta igreja, e ele é que diz o que certo ou errado; e que apoiamos os lideres como videntes e reveladores!
        Eu tambem acredito nas escrituras e elas dizem que isso não é coisa de Deus. Na igreja de Cristo nunca poderia coexistir essas duas coisas!

      • Oi Dory…

        Me dê mais uma tentativa pra que eu melhor me explique….
        Todo líder, homem ou mulher, tem direito a ter suas próprias opiniões e pontos-de-vista, sem que tenham a ferrenha obrigatoriedade e responsabilidade de que tudo que disserem seja a “Mente e Vontade do Senhor”, o tempo todo, imperfeitos que todos somos, excetuando quando falarem pela Igreja, especialmente em reuniões gerais (de âmbito mundial), onde devem ter centuplicada e extrema cautela de não confudirem sua opinião pessoal e ponto-de-vista com o que conhecemos como “doutrina ou posição oficial da Igreja”, cautela esta policiada com mais intensidade hoje do que em décadas passadas, quando estes assim se pronunciam publicamente…

        Nem sempre a “opinião pessoal” está equivocada, as vezes simplesmente a Igreja ainda não se pronunciou sobre o tema oficialmente… Mas a chance de haver erros em opiniões pessoais são enormes, e é comum as ouvirmos (até mesmo de bons líderes) em corredores, discursos e treinamentos nas alas e estacas, em serões ou em entrevistas pessoais… etc…
        Este artigo sobre “AS 10 COISAS QUE TODO MÓRMON DEVERIA SABER” elucida muita coisa sobre o assunto.

        Veja que interessante a explicação do processo pra que uma decisão seja tomada e/ou uma instrução pronunciada: “Nenhuma decisão da Primeira Presidência e dos Doze é tomada sem que haja total unanimidade de todos os envolvidos. No início dos debates, pode haver diferença de opinião. Isto é normal. Esses homens vêm de diferentes tipos de vida. São homens que pensam por si mesmos. Antes, porém, que uma decisão final seja tomada, há unanimidade de pensamento e palavras. (…) Já vi opiniões divergentes serem defendidas nos debates. Nesse processo, em que sentimentos são expressos livremente, idéias e conceitos são separados e selecionados. Contudo, nunca observei discórdia ou inimizade pessoal entre os irmãos. O que observei, foi uma bela e extraordinária convergência de pontos de vista diversos, sob a influência orientadora do Santo Espírito e do poder de revelação, até que houvesse total harmonia e completa concordância. Somente depois disso a decisão é efetuada. Testifico que isso representa o espírito de revelação manifestado seguidamente na orientação deste trabalho do Senhor.” (Pres. Gordon B. hinckley – Conf. Geral ABR/1994)

        Ademais, você tem razão, Cristo é o cabeça da Igreja e é Perfeito! No entanto, os membros da Igreja, que inclui igualmente os líderes, ainda estão aprendendo e se esforçando em ser melhores a cada dia, se aperfeiçoando gradualmente. Um Apóstolo de Jesus Cristo explicou que a Igreja não é uma “clínica de repouso bem-equipada para pessoas já aperfeiçoadas” (Elder Neal A. Maxwell – Ensign MAI/1982). Portanto, “na realidade, a Igreja é um laboratório de aprendizado e uma oficina na qual adquirimos experiência ao praticarmos uns com os outros o processo contínuo de ‘aperfeiçoar os santos’.” (Elder David A. Bednar – Conf. Geral OUT/2006)

        Alguns acreditam que a admissão à maçonaria é uma aplicação da 13º Regra de Fé e uma aceleração no supracitado aperfeiçoamento pessoal, tal como muitos líderes e membros do passado e do presente o fizeram, fazem e farão.

      • Também fiz a mesma pergunta a um amigo pessoal e bispo de minha antiga ala por haver mudado de ala e ser convidado a ser iniciado na maçonaria, o que recebi de resposta foi que a duas fraternidades são de ação e as duas levam tempo, como SUD devo dedicar tempo à minha família, chamado, responsabilidades pessoais, progresso temporal. Isso toma-se muito tempo, agora como poderei dedicar tempo a fraternidade maçônica se não ensino meus filhos, não preparo minhas aulas, não faço reunião familiar, não visito os pobre e aflitos nem faço as visitas de mestre familiar?
        Seria como eu quisesse mudar o mundo sem ser disciplinar a mim mesmo ou sem mudar à minha casa. Entendi que não há controvérsia de pensamento e sim um incentivo pra ser melhor no que fui chamado e quando tiver feito tudo o possível e houver tempo poderei sim me filiar a irmandade.

      • Exatamente Eloi.

        No entanto, devemos nos lembrar que o Senhor otimiza nossas capacidades, desempenho e disciplina, quando O colocamos em primeiro lugar em nossa vida!
        Repito: “As paredes aparentes da prisão da ‘falta de tempo’ começarão a ruir, mesmo ao recebermos responsabilidades adicionais.” (Pres. Henry B. Eyring – Ensign OUT/2002)

        Conheço irmãos SUD’s com demasiadas dificuldades em cumprir suas responsabilidades familiares, que por sua vez negligenciam suas funções eclesiásticas, outros que tropeçam em seus deveres profissionais, e consequentemente sacrificam seu casamento e família… Há também alguns poucos que se dedicam tanto em seus chamados que comprometem sua eficácia profissional e em alguns casos também suas relações familiares…

        O que vejo é que disciplina e equilíbrio é tudo, para obtermos resultados reais, e colocar o Senhor em primeiro lugar otimiza nossos demais deveres, como ensinou Cristo (Mateus 6:33) e seu representante o Elder Eyring (supracitado)!

        Assim, conheço mórmons e outros bons Cristãos que são maçons, e desempenham muito bem todos o seus deveres! Seriam estes Súper-Homens? Ou são pessoas comuns, mas que colocam Deus em primeiro lugar e se disciplinam para valorizarem e administrarem melhor seu tempo? Será que não há alguns que usam de alguns de seus deveres como desculpas pra não fazer mais nada e contribuir mais porque tal iniciativa lhes demandaria mais esforço, dedicação e sacrifícios? Será que alguns não usam deste subterfúgio tentando omitir sua preguiça e manter seu tempo ocioso e/ou mal empregado por ser uma opção mais fácil e cômoda?

        Os chamados na Igreja não são ferramentas exclusivas de serviço ao próximo, obviamente existem outras muitas maneiras de amar o próximo e a si mesmo, bem como aderir a qualquer outra causa nobre e louvável, que não é incompatível com o evangelho (RF 13), mas é totalmente harmônico com o mesmo!

        Encerro com as palavras de um mestre: “Desde que estive no Egito, durante a Segunda Guerra Mundial, tenho-me interessado por ruínas antigas. É fascinante observar a razão por que algumas colunas ainda estão em pé, enquanto outras já caíram. As que ainda não caíram, geralmente permaneceram porque têm que agüentar um peso em cima.” (James E. Faust – Ensign NOV/1980)

      • rsrsrs conheço muitos presidentes de estaca nos EUA, e alguns no Brasil que são maçons Ativos, e presenciei a iniciação de um Bispo de Sumaré tbm, enfim, até presidente de missão e de templo, e até autoridade geral eu já conheci e que eram maçons. e como eu sei?? Eu era maçom e oficante do templo,membro do Sumo-conselho e Funcionario da Igreja SUD… A igreja desaconselha mas não proibe e ponto final.

      • conheco mais de 50 membros da igreja, a maioria do norte e nordeste, que sao maçons. tenho pesquisado e descobri coisas que, em 1980 quando fui batizado, e depois nos manuais da igreja, ninguem me orientou. hoje sei tudo sobre a igreja, desde a sua fundaçao e tenho certeza que se os menbros soubessem o que eu sei hoje, e que me foi negado o direito do conhecimento, a maioria nao estaria frequentando a igreja. estou muito confuso.

  1. Muito bom artigo, adorei quando você diz:
    “Provavelmente, deve ter sido uma surpresa para muitos que acreditam num processo revelatório em que Deus provê as respostas sem que o ser humano faça seu dever de casa ou busque as respostas à sua volta. No entanto, tenho cada vez mais me convencido de que não há melhor maneira de lidar com a falta de informação do que provendo a informação que falta.”
    A maioria das pessoas não compreende o processo de revelação, que é tão bem explicado nas escrituras, nada será dado se somente pedirmos, temos que buscar, tentar (inclusive as vezes errando).
    Nunca estudei o assunto deste tópico a fundo, por isso não posso afirmar que você esta certo (também não posso dizer que esta errado), de qualquer forma gostei do artigo.
    Quem sabe um dia as pessoas que muitas vezes se dizem injustiçadas pelo preconceito tenham menos preconceito.

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